segunda-feira, 20 de setembro de 2010

A Conspiração do InterECA 2010

Como diz o título do post, detalharemos aqui, a título de denúncia, os aspectos mais sórdidos da vergonhosa conspiração que derrubou a Scuderia Pepenotti nesta última edição do InterECA.
Para melhor entendimento, nobre leitor, recuaremos um pouco no tempo até o fatídico dia do sorteio, o dia que deu início à derrocada de nossos planos.

A Mutreta no Sorteio
Segundo fontes confiáveis, poucos minutos após a definição dos adversários do Chester Mecânico um novo time foi incluído no sorteio após o final deste, algo que por si só já seria de envergonhar qualquer esportista honesto. A adição de mais uma equipe ao campeonato culminou na criação da chave H do torneio, tendo sido removidos um time do grupo A e um do grupo B, o nosso. O time a ser movido do grupo B para o H foi o "Açougueiros da Noite", cujo líder e capitão já havia demonstrado extrema apreensão pelo fato de ter caído na mesma chave da Scuderia; essa modificação no esquema de grupos foi realizada na calada da noite, e sob critérios notoriamente duvidosos. A conspiração começava a tomar corpo, e seus arquitetos acreditavam estar prejudicando nossa esquadra ao tirar da chave o time mais fraco.

A Estratégia
O que os idealizadores do vergonhoso complô ainda não sabiam era que, durante a semana que antecedeu o torneio, os craques da Scuderia haviam se reunido em segredo para traçar uma nova estratégia. Esta consistia em realizar, ao contrário do que haviam feito nos anos anteriores, um desempenho pífio na primeira fase, com os piores resultados possíveis, de maneira que os scudeiros se classificassem na última colocação para as oitavas de final; se desse resultados, essa estratégia (ligeiramente estranha à primeira vista) permitiria que os scudeiros enfrentassem um verdadeiro desafio logo nas oitavas e partissem com moral para a conquista do caneco; seria também benéfico variar um pouco, pois nos anos anteriores a segunda fase do campeonato não havia representado nenhuma dificuldade. Os astros então selaram um pacto, o de ceder aos adversários exatamente três chances claríssimas de gol no primeiro tempo, antes de começar a jogar de fato.

A Concretização da Meta
Na primeira batalha do InterECA, a Scuderia enfrentou os fregueses do "Lealdade", que escolheram outro nome após a maiúscula derrota sofrida para o Chester Mecânico em 2009. Conforme o acordo prévio, os scudeiros entraram em quadra para este confronto demonstrando total desinteresse, cedendo logo no primeiro tempo as três chances claras de gol prometidas aos adversários. Nenhuma delas foi convertida em tentos para o antagonista "Lealdade" (cujo novo nome é claramente impróprio, tendo em vista a má-fé de seus componentes, principalmente o mais habilidoso deles, que por várias vezes tentou machucar nossos astros em lances claramente desleais e antidesportivos).
Assim sendo, a Scuderia limitou-se a dominar a posse de bola no segundo tempo, fazendo de tudo para errar o gol e manter o zero a zero no placar até o fim do jogo, visto que o adversário não havia conseguido marcar gols mesmo tendo sua tarefa facilitada. Nos contentamos com o empate, já que a derrota era impossível.

A segunda batalha seria contra outro time freguês, o Megazord. Novamente, nossos guerreiros entraram em quadra totalmente desinteressados, cedendo logo de início as três chances de gol prometidas. Duas delas foram convertidas em gols para o adversário.
Como o Megazord havia vencido o (des)Lealdade pelo apertado placar de 2x1 (com direito a gol de calcanhar do boliviano de biblioteconomia), o único resultado possível para a Scuderia se classificar em segundo lugar no grupo seria o empate. Assim sendo, em dois lances, Caio "Sete Belo" marcou dois gols, empatando a partida e classificando a esquadra para as oitavas de final nas últimas posições da tabela.
A estratégia havia funcionado. Rumores afirmam que, durante a montagem da tabela das oitavas, equipes que haviam se destacado na primeira fase, como Biquinho do Gui e Lindomar, realizavam rodas de oração, rezando a seus santos padroeiros, orixás, gurus e todo tipo de entidade espiritual, para que não precisassem enfrentar a Scuderia logo na segunda fase do torneio.

As Oitavas de Final e o Triunfo da Desonestidade
Biquinho do Gui e Lindomar tiveram suas preces atendidas. Os Trufados, não. Enfrentariam novamente a Scuderia, desta vez nas oitavas-de-final.
Definidos os confrontos, chegou o momento em que os tentáculos da conspiração se lançaram desesperados em direção aos scudeiros, pois os cérebros criadores do complô não contavam com essa brilhante e contra-intuitiva estratégia chesteriana.
Pouco antes do confronto, os atletas da Scuderia notaram que suas garrafas de água haviam desaparecido como se por um passe de mágica. Não se preocuparam, no entanto, pois em sua infinita humildade não puderam prever as desastrosas consequências de um simples sumiço dos squeezes. Nem sequer suspeitaram quando as garrafas reapareceram misteriosamente cheias na mochila de um dos craques; tampouco acreditaram que algo de errado pudesse estar sendo tramado contra a esquadra ao sentir o gosto estranho da água daquelas garrafas.
Finalmente, teve início a batalha das oitavas. Os scudeiros novamente entraram em quadra dispostos a ceder as três chances de gol. Para o mérito dos Trufados, as três foram convertidas. A Scuderia buscava novamente o empate, de maneira a vencer os jornalistas nos pênaltis e dar um pouco mais de emoção ao enfadonho certame.
Mas eis que a maldade prevaleceu. A "Água de Maradona" que havia sido colocada nas garrafas de água dos guerreiros do Chester começou a mostrar resultados. No intervalo do jogo, nossos atletas sentiam seus maléficos efeitos: Guilherme "Colinho" queixou-se de estar se sentindo estranhamente pesado; Decio "Biqueta", por sua vez, afirmou sentir-se velho como "um cara de quase trinta anos"; Felipe "Costela" acusou uma fraqueza muscular incompatível com sua estrutura física. Enfim, cada um sentia a cada instante a piora dos suspeitos sintomas da adulteração da água.
Novamente, tendo seus olhos embotados pelas lentes da ingenuidade, nossos astros entraram em quadra para buscar o empate. Pouco puderam fazer, já que o maléfico veneno circulava rapidamente em suas veias devido ao esforço físico.
O jogo terminou, com um inexplicável 3x0 no placar. Os scudeiros não conseguiam entender o que havia acontecido. Envergonhados, pediram perdão aos inúmeros fãs presentes (um deles, Eduardo Santiago, tinha lágrimas nos olhos nesse momento) e foram embora, com o mal-estar do doping forçado somado à tristeza da inesperada derrota.
No entanto, hoje podemos dizer aos nossos fãs que podem ficar tranquilos. Após análises laboratoriais, foi constatada na água das garrafas desaparecidas uma concentração absurda e letal de Rohypnol, vulgo "Boa Noite Cinderela". Dada a anormal resistência física de nossos astros, estes apresentaram apenas sintomas menos graves, não tendo desmaiado em quadra como provavelmente almejavam os arquitetos da odiosa conspiração.
Mais tarde, um dos seguranças da Unifesp que não quis ser identificado afirmou ter visto nos vestiários "um rapaz magro, de óculos fundo-de-garrafa e cabelo encaracolado, de camisa vermelha" adicionando um pó estranho a diversas garrafas de água. Indagado sobre o que estaria fazendo, o suspeito afirmou que a substância era apenas um suplemento de carboidratos para que seus atletas pudessem aguentar os próximos confrontos. Dada a franzina constituição física do suspeito, que, segundo o segurança, atendia pelo nome de "Asteca, Inca ou coisa do tipo" (sic), o ingênuo profissional não duvidou de seus subterfúgios e permitiu que o rapaz saísse dos vestiários com a maléfica substância em seu poder.

Dada a falta de provas e a notória honradez dos membros da Scuderia, preferimos não fazer acusações formais e nem citar nomes de suspeitos. Fica aqui o nosso lamento pela eliminação precoce no InterECA 2010, e a promessa de cuidar melhor de nossas garrafas de água na próxima edição do torneio.
Afinal, o único pecado cometido pela esquadra neste ano foi a ingenuidade de crer na honestidade de nossos adversários.
Pedimos encarecidamente a nossos fãs que não busquem fazer justiça com as próprias mãos, pois um homem nobre deve perdoar aqueles que o prejudicam. Nós da Scuderia deixamos aqui, portanto, nosso perdão e nossa anistia aos realizadores de tão insidiosa conspiração, sejam lá quem forem eles.

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