terça-feira, 14 de setembro de 2010

O rascunho do título

O Cepe-USP recebeu nesta terça à noite o ensaio geral da conquista de domingo, exaustivamente treinada.

O espetáculo foi memorável.

Refletores de outras quadras se voltaram à entrada de cada atleta. Não houve prática de esportes em nenhum outro local do complexo. O icônico hino da UEFA Champions League era conduzido com primazia pelo Coral da USP, competente, mas visivelmente emocionado.


Foi simulada a entrega da medalha até que ninguém batesse a orelha na fita. O ouro caia como uma pluma no pescoço do Scudeiro, que não conhece outro metal.

O troféu foi levantado repetitivamente, até que lembrasse o Simba sendo apresentado à savana. Bolivianos no alambrado balbuciavam nunca ter visto algo tão bonito em seu país. Alguns africanos em intercâmbio orgulhavam-se: "dentre todos os dias que deixei de comer na vida, hoje foi o que mais valeu a pena", visto que o horário do bandejão infelizmente coincidiu com a cerimônia. Pior para o Coseas.

Nos 15 minutos finais um treino coletivo foi improvisado para retribuir o prestígio da multidão. A massa naturalmente foi ao delírio. Durante o breve exercício, Mudão não tomou gols. Nem quando decidiu jogar sentado. A equipe de Medicina parecia não acreditar nos reflexos do arqueiro. Alguns queriam levá-lo para o time de fonoaudiologia. O time ou o departamento. Mas o craque não se vendeu (dessa vez).

Jean está voando baixo. Mesmo os africanos, que viam nele a imagem odiosa do colonizador, se renderam ao jogo de cintura do atleta, que chocou a platéia ao revelar que atuou no sacrifício hoje, com tornozelos lesionados. Quer dizer que esse não é o máximo dele?

Daniel eliminou qualquer resquício de dúvida e sagrou-se hoje o cobrador oficial de bolas paradas. A regularidade do prodígio assusta. Ele parte para a chute ignorando a física e a estatística, cravando sempre o mesmo resultado. Não importa o dia, não importa o adversário. Não diferencia jogo sério de amistoso.


Gavião honrou a nova córnea. O doador, esteja onde a correnteza o tenha levado, deve estar muito feliz. Com a sempre destacada humildade, o camisa 99 chegou a chutar propositalmente para fora diversas vezes para dar chance ao adversário, mesmo com o gol totalmente aberto.

Custela provou mais uma vez que a explosão muscular e o vigor na despedida também são trunfos da equipe para quando a técnica não bastar. Ganhou instantânea identificação dos africanos ao jogar sem camisa.

Colinho fez o pivô se valendo da desenvoltura física e do desfilar arisco por entre a marcação adversária. Injustamente, ouviu protestos da torcida. "UH TRAIDO-OR, UH TRAIDO-OR". Logo foi esclarecido que a camisa por ele utilizada era o modelo anterior da Scuderia, e não de outra seleção.

Mas os torcedores seguiram cantando.

Décio e Victor completaram times adversários para possibilitar a realização da atividade. Em minoria, comeram o pão que o diabo amassou perante o esquadrão original. Mas não é a derrota também uma grande lição para quem não a conhece?

Caio preferiu se preservar. para a Anastácia.

Este foi o Deja Vu do domingo. Um time humilde, militarmente disciplinado e sem adversários.



*Agradecemos ao Sindicato Auriroxo pelo apoio incansável na arquibancada. Vocês são dez.

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